quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

DESPEDIDA

“Penúltima na escadinha de filhos do patriarca e fundador da cidade catarinense de Forquilhinha, Zilda foi amamentada até os 3 anos de idade.

As duas tranças loiríssimas que usou até os 18 anos, a covinha acentuada na bochecha esquerda, o par de olhos azul-faísca valeram-lhe um apelido familiar que os irmãos, mesmo quando já octogenários, jamais aposentaram: Tipsi, a bonequinha.

Tipsi cresceu segundo o receituário de vida naquela colônia de assentados, onde crianças trabalhavam na roça desde cedo. Com 8 anos, Heriberto, o primogênito, já encarava sozinho 18 quilômetros a cavalo entre Criciúma e Forquilhinha, com parada para um único pão no meio do caminho. As meninas Arns trabalharam na olaria a partir dos 5 anos. "Criança forma o caráter através do trabalho, da realidade nua e crua", assegurava o mesmo Heriberto, que se tornara frade franciscano e conceituado educador.

"O trabalho foi formador para nossa geração. Quem se acostuma a ele entende melhor o progresso, cujas leis estão no sangue, no cérebro, na alma de um povo. No nosso tempo não havia tevê, nem rádio havia." (Heriberto)


"Ela demonstrou, ao longo da vida, ter razão.


Ergueu a maior teia de ação social que o Brasil já conheceu sem que, em 27 anos de existência, tenha surgido uma única suspeita de desvio de verba. Lia da primeira à ultima linha tudo o que assinava, e relia em caso de alguma alteração, mesmo mínima. Apesar de, estatutariamente, poder fazê-lo, nunca assinava cheques da Pastoral sozinha. "Para dar o exemplo", explicava.

A entidade sempre funcionou com mordomia zero - nem carros, motorista, aluguel de jatinhos, nem cargos comissionados."

Fonte: revista Piauí

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