" Leonardo Boff, nosso teólogo e filósofo do humanismo, lembra agora que o projeto megalômano da época ditatorial (engavetado em 1989) foi ressuscitado e ampliado pelo PAC do governo federal.
A mega usina de Belo Monte, a um custo entre R$ 17 bilhões e R$ 31 bilhões, pode ser responsável por um desastre ecológico “terrivelmente imprevisível”.
No projeto, “tudo é megalômano”, adverte Boff: inundarão 51.600 hectares de florestas, com um espelho d’água de 516 quilômetros quadrados, desviando o rio por dois canais de 30 quilômetros de comprimento e mais cem quilômetros de leito seco, submergindo a parte mais bela do Xingu, Volta Grande, e um terço de Altamira.
Desalojará 20 mil pessoas, atraindo para as obras 80 mil trabalhadores. Produzirá 11.233 megawatts de energia nos quatro meses de cheias e menos de 4 mil MW no resto do ano, para levá-la a 5 mil quilômetros de distância. No transporte, perde-se de 20% a 30% da eletricidade.
Esse gigantismo é insensato, diz Boff:
“Na crise ambiental global, todos recomendam obras menores ou com matrizes energéticas alternativas, baseadas no vento, no sol e na biomassa, que temos em abundância”.
Na questão ambiental, porém, “o governo de Lula da Silva é inconsciente e atrasado e o PAC nos devolve ao século 19, em que a natureza é mera reserva de recursos”.
Pior ainda, frisa, é que o presidente mande a Advocacia-Geral da União processar os procuradores do Ministério Público que questionam as obras.
Flavio Tavares
Jornalista e escritor
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
A questão energética é BEM delicada. Eu mesmo trabalho a anos com ela nas escolas e o que se pode observar é que nem todos os tipos ditos alternativos são viáveis.
Progresso mesmo, dada a sua grande incidência de vento foi estudada pela cooperativa CERTEL e mostrou-se inadequada, pois os ventos apesar de intensos, são sazonais. Ou seja, não são constantes.
O Brasil domina muito bem a tecnologia das Hidroelétricas e serve de consultor a outros países. Inclusive as Turbinas Würz em Estrela eram (são?) a mais antiga empresa de turbinas da América Latina. No entanto a região de Belo Monte é inadequada e uma "cabeçada" do atual governo. Tudo isso por ser uma região plana, o que faz com que o alagamento seja imenso.
Na ânsia de se adiantar a futuros apagões e propiciar o desenvolvimento da região farão uma bobagem. Mas não nos iludamos. Todas as formas de transformação de energia em energia elétrica surtem efeitos na natureza. Sejam usinas eólicas, maré-motrizes, solares, nucleares, termoelétricas, hidroelétricas e de biomassa.
A escolha deve levar em conta qual surte menor impacto ao ambiente. Engraçado é que por mais relutantes e ignorantes que sejamos, muitos estudos tem apontado as nucleares como a de menor impacto a curto prazo. Desde que sejam investidos os montantes necessários, até mesmo a longo prazo as nucleares passam a ser interessantes. O problema é garantir um descarte adequado do lixo nuclear.
Enfim, ou bem reduzimos o cosumo, ou assumimos os riscos do impacto que querendo ou não somos responsáveis quando buscamos o desenvolvimento. E atire a primeira pedra quem não desfruta do prazer de um ar-condicionado.
Mas Laura, temos aqui um belo tema a ser discutido a longos prazos. Tem muito mais a falarmos.
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