quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O TEMPO DA CÍNTIA

Photo ilustrativa de Lajeado...

“Se fosse uma pessoa, a casa em que moro há 24 anos seria uma senhora com idade para ser avó. Ou bisavó.

É da década de 30, o pai a comprou nos anos 70 e eu vim morar nela com meu marido na década de 80.

É uma das poucas do Moinhos de Vento que resistem às ofertas das construtoras e à pressão das instituições vizinhas que derrubam árvores para estacionar carros.

Por 21 anos, minha casa foi um canteiro de obras: dá-lhe a trocar encanamento, fiação, escoras do telhado. Tratei dar novo viço a uma mangueira e a uma cerejeira-da-terra, árvores centenárias do terreno. Plantei jasmim, pés de laranja, limão, bergamota, jabuticaba – e dezenas de mudas exóticas e nativas.

photo ilustrativa...

"Hoje em dia, a casa está pintada de azul-hortênsia. O telhado, antigo viveiro de musgos, ficou intocado. Um arquiteto sugeriu que lavássemos as telhas.
Rechaçamos a ideia.
Sempre achei bonito o rastro de décadas de orvalho e de chuva, os fungos brotando entre as fendas das telhas: o tempo pintou nosso telhado com uma solenidade aconchegante e digna.”

* A escritora Cíntia Moscovich dá voz a muita coisa que penso. É bem coisa de arquiteto... lavar telhado. Tem gente que traz um buraco negro na alma...

Dias desses conversava com um morador do Alto do Parque. Na construção de sua casa preservou praticamente todas as árvores. Um matinho de dar inveja. Lembrei-lhe que famílias de tradição, de berço como dizia minha vó, têm suas casas em meio ao verde exuberante, com muitas e muitas árvores. Só novos ricos apreciam casas insípidas que ocupam todo o terreno. E ainda tem gente que acha bonito...

Leia na íntegra:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jspuf=1&local=1&source=a2818576.xml&template=3916.dwt&edition=14174&section=70

3 comentários:

heinz disse...

além de poa, que eu conheça, em santa cruz e caxias encontramos várias dessa famílias bem 'calçadas - $ - já de tempos...
aqui em lajeado sobraram poucas, mas um exemplo é o terreno do dr fleischut !
eu sou um chinelão, mas sempre fiz a mesa associação deste post: gente bem financeira e culturalmente de berço, mantém um belo entorno verde em suas casas, mesmo em grandes centros ...gente da colônia, novo rico, precisa ostentar, mostrar que saiu daquela miséria - $ - em que vivia e que 'venceu' na vida...se desse, colocava um daqueles adesivos no carro relacionados a inveja e afins...mas vão ter q viver e nascer mil vezes até que toda essa fartura financeira que conquistaram se reverta em algo mais que um casarão, um carrão, piscinão, e um panção ...sim, pq se bobear, até esse símbolo de fartura tá arrolado na sua lista de valores maiores !

Anônimo disse...

Laura, pelo jeito tem mais uma grande casa prestes a ser derrubada. É a da familia Zimmermann, na rua Saldanha Marinho, na esquina, antes da Bento. Dá uma conferida.

Laura Peixoto disse...

A casa dos Zimmermann... Vi. Tô jogando a toalha... Ñ posso acreditar que aquela casa linda vai ser destruída para dar lugar a mais um prédio horroroso nessa cidade. Desanimei total, desculpe.