quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

NELO JOANN: MUITO PRAZER!



photo by Mari Korman

A primeira vez que ouvi falar em Nelo Johann foi no filme  do diretor paulista Esmir Fº - Os Famosos e Os Duendes da Morte -  onde ele assina a bela trilha sonora. Mais tarde soube que foi  “um cara de Estrela” quem abriu o show da cantora Cat Power no Bar Opinião, em  Porto Alegre, no ano de 2010.
Nelo Johann é  cantor. É compositor. Toca muito e completa 29 anos agora dia 3 de março.
photo by Tuane Egger

“Por que a decisão de cantar somente em inglês?
NJ – Nunca foi uma coisa racional, que decidi, foi natural, desde sempre, talvez por eu ter ouvido mais música em inglês, não sei... Mas tenho algumas poucas canções em português sim. E ao vivo toco "por que te vas", então não canto somente em inglês...

Além da Cat, você tem outras influências?
NJ – É sempre meio injusto citar influências pois sempre se esquece coisas importantes... mas vamos lá...
neil young
hank williams
cat stevens
frank zappa
bob dylan
(etc)

“... quando não estou tocando, tô pensando em música. Caminhar é bom pra compor, as idéias vêm mais fluidas, então ando por aí com um gravadorzinho de mão. Pintou uma idéia, cantarolo ela ali pela rua mesmo.”

photo by Tuane Egger
Dias desses saiu no 2º Caderno da ZH, depois também matéria no A Hora, uma reportagem dizendo que o cara tinha 23 discos e 28 anos. 
E bastava a gente se cadastrar no dailynelo@gmail.comm  para todo dia ouvir uma música  de sua autoria.  Nelo não decepciona e hoje já são dezenas de emails cadastrados.  Ele não cobra nada para quem quiser baixar as músicas: “toda arte deve ser livre. Musico vive de show.” Então acesse aqui: http://nelo.4shared.com

Nelo Johann está preparando um novo disco para o primeiro semestre deste ano, mais o projeto de mandar as 244 músicas para sua rede de simpatizantes e amigos.

“Além do arquivo com a canção, acompanha uma pequena ficha técnica e eventual devaneio sobre a obra propriamente atachada.”

Estou cadastrada e adorando a novidade. Propus a pauta. Mas parece que tudo que eu queria perguntar, ele já respondeu nas várias entrevistas encontradas no planeta virtual.

Como transcrevo minha aldeia, a única coisa que me ocorreu perguntar ao Nelo, que nasceu em Estrela, viveu por estas bandas, conhece bem nossas colônias:
- Como tu sobreviveu  ao Alberto Torres? Sim, ele estudou no colégio evangélico, em Lajeado. Foi conterrâneo de uma galera “convidada a se retirar” da escola... 


- "Sobreviver" é um bom termo para aquela época naquele colégio... bueno, apesar da dita excelência em educação desta escola (questionável), não era fácil o convívio entre os alunos. Nunca é, em lugar nenhum, só que hoje já chamam isso de bullying...
Mas isso é outro assunto.

De qualquer forma a dificuldade natural de convívio entre adolescentes eu vejo naqueles dias agravada por ser uma comunidade em sua maioria de classe média alta - uma competitiva e cruel classe média alta. 

Ou você se acadelava, ou se impunha, coisa que comecei a tentar bem tardiamente... a estrutura do colégio também não ajudava: a soberba em ter certeza de ser o melhor acabava minando as proprias qualidades da instituição. dessa forma, essa "geração" à qual pertenci viu uma galera sendo "convidada a se retirar", desde filhotinhos-de-donos-da-cidade até quem não aguentava a pressão e cometia todo tipo de vandalismo e desmando. ainda bem que eu já era dissimulado. mas hoje isso me parece uma sombra pálida, um passado que quase não foi o meu...


No seu  facebook, a citação preferida: “we write to taste life twice” e peço que traduza os porquês.

“Na verdade é uma parte da frase completa "we write to taste life twice, in the moment and in retrospection".
Esta frase da genial escritora Anais Nin  resume bem o que me parece o "fazer arte". neste ponto "escrever" abarca todo sentido de "arte". 

todo este esforço de qualquer artista é um grito desesperado. um desdobramento. fantasioso ou descritivo, ele sempre tem duas dimensões, a do vivido e a do experimentado no momento da realização da obra. é como uma abstração, um distanciamento de si próprio, transcrito em algo exterior. é doloroso. 

não conheço ninguém que de fato goste de ver sua própria imagem no espelho. imagine ver o que você foi e que você é. e o pior (ou melhor, talvez) ter a perspectiva do devir. will we live three times?
tudo isso também poderia ser pensado por outro genial aforismo dela: "to write is to descend, to excavate, to go underground.”

Sim... “Aquele cara de Estrela” compõe, canta, toca e escreve muito bem.  Muito.

5 comentários:

Ismael Caneppele disse...

J'adore Nelo!

Monica Wendt disse...

J'adore toi Ismael!

Marcos Rohrig disse...

Idolo!

Lucas Fontoura disse...

Tb amo! gente talentosa do Vale para o mundo.

Anônimo disse...

famosa? com todo o respeito, duvido que tenha uma vida digna só fazendo música.