quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Quilombola : A face do remanescente"

“... em Arroio do Meio, uma comunidade quilombola, a única reconhecida na região pelo governo federal, fruto da ousadia de um escravo que, ainda criança, decidiu alforriar-se no alto do Morro São Roque, no interior do município. Hoje, as gerações que se seguiram continuam vivendo no alto da colina.

Rodeada pelos filhos, Araci da Silva (75) (foto) administra sozinha seu lar. Com a casa construída bem ao centro da comunidade, tem num canto da sala o seu altar de orações. Uma mesa com anjos e santos recebe todos os dias as preces da matriarca. A maior das imagens é a da Imaculada Conceição, a santa que o pai de Araci, Alcides Geraldo da Silva, falecido há 25 anos, escolheu como protetora.

“No dia 8 de dezembro, dia da Imaculada, a gente faz comida para os anjos, para as crianças menores de 7 anos”, conta Araci. Quase em frente da sua moradia, há uma pedra, pintada de branco e azul, no formato da santa. Cada um que passa por ali faz o sinal da cruz diante da imagem.

Matutu tem comunidade

Embora não seja reconhecida pela União, uma comunidade de Travessa Matutu, distante quatro quilômetros e meio de Fazenda Vilanova, também tem características quilombolas. Ali vive Maria do Carmo da Rosa (79), mãe de sete filhos. Um terreiro bem varrido dá acesso à casinha da matriarca. A moradia é cercada por outras quatro, onde moram os filhos, e pouco mais afastado dali outras residências se aglomeram na formação do reduto. Todos os moradores se criaram naquelas terras que já pertenciam aos avós de Maria do Carmo, Margarida e Augusto Pereira Gomes. Segundo Maria do Carmo, foram eles que doaram terrenos para que a comunidade de Conceição construisse a igreja e o cemitério.”

http://www.informativo.com.br/w2w_portal/interna.php?EDA=560&NID=52784

* Reportagem bacana de Cíntia Marchi, no jornal O Informativo, de ontem.

2 comentários:

José Alfredo Schierholt disse...

Pois, eu queria um comprovante deste pedido de alforria de escravo nesta região.
Esta história de Quilombo neste local precisa ser melhor comprovado.
Não vale história oral coletada nos dias de hoje. Precisa ser documentado.
José Alfredo Schierholt

Anônimo disse...

Caro Schierholt, a historiografia muito já avançou na questão da hegemonia do documento na escrita da história. A História Oral já tem um reconhecimento bem fundamentado entre os historiadores, portanto, já é sabido e incluso na trajetória da historiografia no Brasil as suas contribuições. Interessante mesmo é superar esses extremismos de correntes teóricas e aliar as fontes que estão disponíveis para o historiador. Estudante de História