Photo by Ana Almeida
Privatize-se tudo,
privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar,
privatize-se a justiça e a lei,
privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho,
sobretudo se for diurno e de olhos abertos.
E finalmente,
para florão e remate de tanto privatizar,
privatizem-se os Estados,
entregue-se por uma vez a exploração deles
a empresas privadas,
mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo…
e, já agora, privatize-se também
e, já agora, privatize-se também
a puta que os pariu a todos.
José Saramago
José Saramago
Cadernos de Lanzarote
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